Quem "estou":

Minha foto
Músico, vivo, questionador, aprendiz

segunda-feira, maio 31, 2010

Hasta la vista!

Último dia. Um mês "idiomático". Hoje teve aquela cena clássica de sentar na mala pra conseguir fechá-la. Logo eu que não sou de comprar...
Minha cabeça já tava em BH desde anteontem... Pensei em tudo quanto é compromisso, trabalhos, problemas, contas que terei que lidar. Saudades também, não do Brasil, mas de gente. Fiz alguns amigos aqui, pessoas que trabalham no albergue e também pessoas que passaram por aqui. Há inclusive uma história muito boa sobre as pessoas do albergue.

Vamos à introdução:

Sou famoso por não dar muita bola pra aniversário, principalmente o meu. Muita gente me xinga por isso, mas eu realmente não levo a data a sério.

A história:

Bom, acontece que quando se cadastra num hotel ou albergue lhe perguntam sua data de nascimento e então, o pessoal percebeu que eu ia passar meu aniversário aqui em Buenos Aires e estaria hospedado na tal data. Eu realmente não estava preocupado com os dias, mas eu sabia que ia voltar pra casa um dia depois do meu aniversário. Um dia a Emília, que é uma menina que trabalha no albergue no turno da noite me disse: - Falta poco, sí?! - E eu: para qué?! - Tus compleaños! - Eram 22:00hs. Eu pensei: Putz! É mesmo. E comecei a pensar que eu tinha que resolver as coisas rápido porque tava me sobrando pouco tempo. No dia seguinte acordei, tomei banho, tomei café, fui parabenizado por Ayelen, Gricela e Antonia. Então eu saí para comprar coisas, principalmente para outras pessoas, não para mim. Quando voltei havia um cartão desejando parabéns na porta do meu quarto. Subi pra agradecer e elas haviam feita um bolo de chocolate e cantaram: "Que se cumpla feliz! Que se cumpla feliz!" Foi bacana! Comemos o bolo. Distribuímos alguns pedaços e ainda sobrou um pouquinho. A irônia foi que eu havia comprado livros da Clarice Lispector para as moças do albergue. Entreguei dizendo que era meu aniversário mas, elas é quem ganhariam um presentinho! De agradecimento mesmo, porque me trataram muito bem. Recomendo a todos este albergue. Depois de um tempo, peguei meu computador para checar e-mails. Eram umas 16hs. Foi quando olhei pro calendário e vi lá a data. Não era meu aniversário! Era a véspera! Há! Elas se convenceram e me convenceram que era. (Ayelen, Gricela, Antonia. Desculpem-me!)Funcionou porque pra mim não fazia diferença. Eu simplesmente mordi a isca. =). Quem disse que eu tive coragem de contar?!

Será que vou pra copa?! Dieguito???!!!

Um último recado para aquele tipo de mulher que tem um cartão de crédito.

NUNCA VENHA A BUENOS AIRES, SERÁ O SEU FIM!!!

Recebi uma proposta de trabalho aqui em Buenos Aires. O serviço de prestaçao de suporte para o Brasil funciona aqui, ou seja, precisam de gente que saiba um pouco sobre informática e fale português. Tcharam!!! Chegando ao Brasil vou procurar a embaixada e ver como funciona a questão do visto de trabalho/estudo e também a questão do DNI, que é o RG/CPF deles. Esse emprego não é lá nenhuma maravilha, mas o custo de vida aqui é mais baixo e com o salário que me disseram dá pra ficar legal. Além disso, posso procurar outra coisa, pois meu currículo me dá essa possibilidade. Enfim, quem sabe?!


Arley Alves Ribeiro

segunda-feira, maio 24, 2010

Internacional vs Estudiantes

Fui ao jogo do Inter x Estudiantes. Francisco, o mexicano, ficou de nos providenciar os ingressos para assistirmos na torcida do Estudiantes. Iríamos eu, Rafael (Uberabense que vive em São Paulo), Antônio (mexicano, jogador de futebol), Francisco. Porém, quem trouxe os ingressos foi um colombiano, amigo de Francisco que só carregava dois ingressos. Francisco saiu do albergue cedo e ficamos de conversar com ele por NEXTEL, que Rafael e ele tinham. Fomos então em 4. Custamos a conseguir um taxi porque o estádio é fora de Buenos Aires, precisamente em Quilmes, há 25 km e os taxistas não gostam de levar ou cobram a mais pelo serviço. O que é direito deles. Enfim, conseguimos um taxista e chegando lá houve um mal entendido sobre os ingressos. Resultado: Francisco já havia entrado e só tinhamos dois ingressos. Fomos pro lado da torcida do Inter, para comprar mais dois ingressos, já que do outro lado não havia mais. Pagamos um pouco mais caro e entramos. Encontramos os outros dois lá dentro e perdemos os dois gols do Estudiantes por causa do atraso e da confusão. De repente, depois do intervalo o colombiano sumiu e ficamos nós 3, sem rádio porque a bateria estava morrendo. No fim do jogo o Inter meteu um gol e conseguiu a classificação. Pensei que aquilo não era bom porque a torcida do Estudiantes, que era grande, não ia ficar feliz. Estávamos em Quilmes sem saber como voltar e só conseguimos avisar ao Francisco que estávamos saindo antes da bateria morrer de vez. Perguntamos a um policial como voltar pra BsAs e ele nos indicou uma direção. Trocamos notas por moedas e, depois de rodar um pouco, conseguimos pegar um ônibus. Voltamos pra casa são e salvos.
Dois detalhes importantes: Eu perdi meu cartão de crédito. Creio que no taxi. Rafael teve seu laptop roubado antes de sair pro jogo. Então não foi a melhor noite, mas foi um experiência interessante.

Buenos Aires está comemorando o bicentenário da Revolução de Maio. Na rua está tendo desfiles, shows, stands de cada província, comidas típicas de toda a América Latina e até do mundo, e gente, muita gente. Gente até pra fazer doce.
Fui nos dois primeiros dias e tocaram músicos e bandas de Chile, Argentina, Uruguai, Colombia, Paraguay, Brasil (Gilberto Gil) e muitos outros. A multidão se entende por vários quarteirões que não são nada pequenos. Hoje choveu todo a tarde/noite sem parar, portanto quase ninguém saiu na rua. O jeito foi tomar vinho, ver filmes e comer pizza. Ontem, no show do Gilberto Gil, que começou muito tarde, estávamos super cansados de ficar de pé parados, mas mesmo assim dançamos muito. Isso só foi possível porque muita gente foi embora e o espaço livre cresceu alguns centímetros. A música brasileira tem algo de diferente, algo de liberdade, diferente da música argentina que é mais carregada, pesada, ou sei lá o que. Sei que as pessoas ficam mais estáticas e tensas, enquanto com a música brasileira o povo dança e sorri. Havia bandeiras e gente de toda a América Latina. Havia músicos de toda a América Latina também. A revolução de Maio não foi um evento isolado da Argentina, por isso é algo compartido por outros países, o que é muito atraente.
Uma coisa em especial me chamou a atenção. Havia milhões de pessoas na rua, de todos os lados, de todas as idades, de toda classe social e nenhuma confusão. Havia policiais, porém poucos e muito tranquilos porque não tiveram muito trabalho. Algo a se aprender.

segunda-feira, maio 17, 2010

Artistas pelados

Em Buenos pode-se ter todos os artistas pelados em seu celular!!! Já pensou?! Isso tudo por somente $599,00 (pesos argentinos) ou seja, cerca de R$300,00. Fala sério!

Tá bom, tá bom... é que eu não podia perder a piada tosca. Eu tive que tirar a foto na rua e escrever isso. Era mais forte que eu.

Pelado = careca.
Desnudo = pelado.

Esse tipo de diferença linguística é que me diverte. Por exemplo: Uma mãe (brasileira) estava comprando um tênis para o filho numa loja de artigos esportivos. Ela disse pro vendedor que queria um tênis para ele "correr". Acontece que aqui existe a palavra "cojer" que soa exatamente como o nosso "correr", mas que significa, sem meias palavras, foder! O certo seria ela dizer a palavra como se fosse com um "r" apenas, tipo "corer". Eu vi quando o vendedor deu um risinho de lado, ou seja, ele até entendeu o que ela queria dizer, mas a alma dele se contorceu de rir.

Quinta vou a la cancha, ver o jogo do Estudiantes contra o Inter de Porto Alegre! Dizem que a torcida (hinchada) é fanática, mas não é como no Brasil que te matam por causa de uma cor. Vou com outro brasileiro de 'Beraba' e com o Mexicano que é mais brasileiro que eu. O que não é lá tão difícil... hehe. Ele é um ex-jogador que hoje trabalha comprando e vendendo camisas de jogadores famosos. Camisas que os jogadores realmente usaram. Algumas inclusive são autografadas. Ele tem um site com a foto do Maradona beijando a mão do Ronaldinho Gaúcho. Quer conferir? Entra lá! http://www.mrmatchworn.com/

Ontem comi num tenedor libre (Self Service). Só não tinha feijão, mas tinha muuuita opção. Consegui fazer um prato RGB, 256 cores... hehe... só os nerds irão entender essa!

As argentinas rionegrenses se foram e o albergue ficou um pouco mais triste pra mim. Era divertido! Agora há uma holandesa e trocentos mil britânicos... Há um francês que se apaixonou por Samba do Grande Amor, do Chico Buarque. Ele fica cantarolando pela cozinha e pelos corredores e não gosta de falar inglês mas arranha um espanhol. Enfim, a tecla SAP de todos precisa funcionar!

Hasta la vista!

sábado, maio 15, 2010

Traz pra frente

Há quem sonhe de frente pra trás, buscando o que já não é.
O que traz? Saudade?
Há quem sonhe ser reconhecido, sem nem se preocupar em realmente ser.
O que traz? Ilusão?
Há quem sonhe de trás pra frente, revolvendo.
O que traz? Memória?
Há quem sonhe o que nunca houve.
O que traz? Utopia?


Hoje comprei mel. Minha garganta tava horrível ontem. Hoje tá melhor. Agora os habitantes do planeta albergue já mudaram bastante. Houve uma invasão inglesa. Daniel (alemão) foi embora. Matilde (francesa) foi embora. Olivier (canadense) foi embora. Restam quatro argentinas rionegrenses, um casal de ingleses, um sei-la-o-que-pouco-social, uma argentina que bate portas e aparece como um fantasma (acho que fez curso com o Batman ou com o Mestre dos Magos). Terminei o nivel 3 de espanhol. Em duas semanas ví tudo quanto foi tempo-verbal. Não que agora eu saiba bem, mas já tenho uma boa noção e é questão de tempo e prática pra decorar e fluir. Comprei 3 livros em espanhol muuuuito baratos. Clássicos como 'Cem Anos de Solidão' e 'Relatos de um Náufrago' - Gabriel García Marquez, 'A Casa dos Espíritos' - Isabel Allende.

Últimos dias o albergue tava tão cheio e divertido que saí pouco. Além disso to guardando o dinheiro e passeio turísticos mesmo pra última semana. O que faço bastante é andar nas ruas. Cada dia escolho uma direção e vou andando porque aqui é tudo plano. Anda-se quilometros sem cansar. Vai fazer isso em Minas Gerais pra ver... Tenho que dizer uma coisa. Argentino não sabe comer. =P. O almoço e jantar deles é bicolor, no máximo. Mãe, que saudade de comer 10 cores por refeição. Aqui você come uma carne com purê ou uma massa com um molho de um queijo alguma-coisa ou pizza ou apela pra fast-food. O melhor a fazer é cozinhar. Como não tem panela-de-pressão aqui no albergue não pude fazer feijão, mas arroz, salada, ovo ou omelete, macarrão, molhos. Tudo é possível.

Mãe, quando eu crescer vou morar num albergue. Você aprende todas as diferenças de uma mesma língua de acordo com a região, conhece todas as línguas, conhece gente do mundo todo, conhece um japonês que não sabe fazer ovo mexido frito e que mistura molho de tomate pronto, frio, no arroz quente e come como um leão feliz da vida.

Todo mundo vê a vida pelo buraco da fechadura. Minha fechadura hoje tá um pouquinho maior.

p.s.: "Sonreírse" é a palavra mais bonita do mundo. Pelo menos pelo buraco da minha fechadura. Até agora.

segunda-feira, maio 10, 2010

Viver faz bem pra vida.

Rotina:

Acordar tarde. Tentar tomar café. Tentar porque o café acaba 10:30 no albergue e não é fácil levantar tão cedo depois das noites que ando tendo. Quando dá, tomo café do albergue, senão faço chá de Manzanilla e como pães e biscoitos que tenho aqui. Você pode cozinhar, guardar comida, bebida, vasilhas, tudo na cozinha do albergue. Atualmente meu quarto está lotado! Um alemão, um canadense, uma francesa, quatro argentinas, um sei-lá-o-que. No albergue ainda conheci um israelense, dois mexicanos, duas austríacas, um monte de brasileiros, e claro, vários argentinos que trabalham aqui e são todos muito prestativos. O ambiente está ótimo atualmente.
Hoje eu fiz arroz (tava sentido falta) saladinha, mortadela e suco. Ontem fiz uns sanduíches para mim e pros cariocas que estão aqui também. Tomamos vinho e ficamos conhecendo as argentinas que estão aqui pra um congresso de Letras. Elas fazem especialização em inglês e falam um pouco diferente do pessoal de B. Aires.
Na sexta fui até a residência estudantil onde mora a Ada, que é amiga da minha queridíssima aluna Laura, que deve ter ficado com a orelhinha em brasa de tanto que falamos dela (bem ou mal). Lá conheci chileno, colombiano, argentino, brasileiro... um salada de espanhóis... Foi divertido jogar UM LIMÃO PARA DOIS LIMÕES em espanhol. "Un limón, medio limón, siete limones"... Agora tenta falar isso rápido e bêbado!!! Dormi por lá porque o bairro não é tão tranquilo quanto o centro, mas foi muito bom. Repetirei qualquer dia desses.
Ontem fomos eu e os cariocas para a feira de San Telmo, tiramos foto com a Mafalda e compramos algumas coisas. Almoçamos na Recoleta, em frente ao cemitério da Evita, que eu evitei.
Minhas aulas de espanhol estão sendo bem proveitosas e aos poucos estou resolvendo os detalhes que ainda erro. Aquela coisinha que "parece mas não é" e que sempre confunde.
To estudando violão, menos do que queria, mas mais do que vinha fazendo em casa, portanto, tô feliz com isso.
Espero voltar mais músico.
Espero voltar mais eu.

Ars

Era uma vez um escritor muito arteiro,
um dia virou músico,
acabou dançando na vida
e tudo não passou de uma poesia.
Mas não pensem que a história é alegre.

Arley Alves Ribeiro

terça-feira, maio 04, 2010

De lunes a Mayo

Fiz minha primeira aula de espanhol na segunda a tarde. A escola fica a uma quadra do albergue, então, maravilha! A menina da recepção do albergue, que tem um nome beeeem diferente e que não consegui guardar, fala inglês e até um pouco de português. Ela me deu um papel pra eu chegar na escola e me identificar. Neste dia eu tomei café, dei uma volta na rua, comprei algum material escolar, andei pela rua Florida (que é onde tem todas as lojas e coisas pra turista), toquei um pouco de violão e fui pra aula a tarde. Lá eu fiz um pequeno teste de nivelamento e comecei a aula. A professora se chama Alana, é muito simpática e experiente. Fala pra caramba, o que é bom pra treinar meu ouvido. Ela fala argentinês mesmo, sem disfarce. soando "x" no lugar "y". Conversamos sobre as diferenças de cultura Brasil/Argentina, música, família, política, ditadura e todo tipo de trivialidades. Ela até agora mostrou um bom conhecimento e também soube abordar a matéria que me interessa. Creio que será bastante proveitoso. Passei a tarde andando a esmo, conhecendo a cidade a pé, vendo o comércio, as praças, os pontos de referência e também ouvindo e observando os habitos argentinos. Esse dia eu comprei coisas pra preparar um macarrão, que fiz e ficou muito bom. Atum, molho, ervilhas, macarrão al dente Pode-se cozinhar à vontade no albergue. Há microondas, fogão, frigobar e utensílios.

Mais à noite os brasileiros reaparecem e me convidaram a participar da programação deles. A Helena gosta de vinho, o Bruno e Leonardo são os outros dois cariocas e gostam mais de cerveja, assim como o Paulo, que é gaucho. A tal pré-night deles consiste em beber vinho e beliscar petiscos no próprio albergue. Eles compram vinho de dia e tomam a noite antes de sair pra balada mesmo. Tomamos juntos 4 garrafas de vinhos distintos e procuramos saber o que tinha pra fazer a noite numa segunda-feira. Eis que surge a SEVERINO's PARTY! Todo mundo concordou que uma festa com esse nome não podia prestar, mas fomos. Chegamos lá meia noite e alguma coisa. Vazio. Ninguém havia entrado. Inclusive nesse horário a entrada era gratuita. Pensamos mais uma vez que não ia prestar, não tinha como. Porém, em frente da tal festa fica o albergue mais falado e baladeiro. Eu pesquisei e li muitas opiniões sobre esse albergue. É onde tem festa toda noite e vem gente de todo canto do mundo. Na sacada dele haviam 5 britânicas que ficamos "parlando"... Leandro falava italiano, espanhol, português, inglês, tudo misturado. Elas ficavam rindo e conversando mas não desceram. Pegamos um taxi e fomos pra Puerto Madero atrás de um boliche (que aqui significa boate). Fechado. Pegamos outro taxi e fomos para Recoleta, que é um bairro chique e referencial. Povo tomou um conjunto de seis copos de diferentes cervejas e saímos. Achamos outro bar logo ao lado que estava mais cheio... umas 30 pessoas, sendo umas 20 garotas. Que sabe-se lá pucausdiquê nos acharam super interessantes e começaram a bater papo com todo mundo. A Helena se sentou e ficou lá sem lugar, claro. Eu fui lá conversar com ela e o Paulo chegou na mesma hora dizendo: - Pô, pedi uma cerveja e a menina disse que pra me servir uma cerveja todo mundo tem que pedir também. Então a garçonete chegou e disse que "se não bebem tem que se retirar". Os cariocas tavam lá batendo papo com as tais garotas enquanto a garçonete conversou com o segurança, que então foi lá e disse que não consumissemos tinhamos que sair. Então saímos. Isso tudo deve ter durado uns 8 minutos. Pode?!

Saímos e combinamos de tentar a Severino's party de novo. Chegando lá (por volta de 2:15) estava lotado e agora a entrada era $25. Todo o povo do tal albergue estava lá... europeu/europeia até pra fazer doce. Entramos eu, Bruno e Leonardo. Parecia coisa de filme mesmo. As gringas (loiras, olhos claros, cerveja na mão) dançando e cheias de graça...

Bom, eu poderia contar o que aconteceu lá dentro pelo resto da noite mas, como diz aquele velho deitado: "o que acontece em Vegas, fica em Vegas!"

Hasta luego!

Arley Alves Ribeiro

domingo, maio 02, 2010

Acostumbrarse, comunicarse!

Cá estou eu na capital argentina. Menos de um dia e já tenho histórias para escrever e contar. Começando pelo embarque em Confins já estava apreensivo por causa do violão que resolvi trazer. A bagagem de mão, de acordo com as regras, só pode ter 5kg e dimensões reduzidas. No meu caso, estava levando um violão num bag comum e também um mochila com um notebook, que por si só já tinha quase os tais 5 kg. Por isso tudo eu estava preocupado com o embarque, pois eles poderiam encrencar e não me deixarem levar uma das bagagens. "Bueno, nada pasó!". Nem o pessoal da TAM, nem da LAN (argentina) não falou nada e vim com meus pertences em paz. Chegando ao aeroporto de Ezeiza procurei o Banco Nacional da Argentina para trocar meus reais por dólares, pois sei que esse banco é um dos lugares mais seguros e com uma boa taxa de câmbio. Não troquei o dinheiro todo, apenas o suficiente para resolver as coisas mais importantes. A partir daí começaram as mazelas! Quando fui ao guichê do "bus" que me levaria ao albergue, descobri que não havia trago o endereço do albergue que anotei. Maldito papelzinho. Então tive que arrumar um lugar no aeroporto que pegava wi-fi pra olhar na internet o tal endereço. Fui até um café e aproveitei pra pedir um cappuccino. Nunca tomei uma água suja de café tão ruim. Era até bonito, mas horrível. Água quente, com espuma de leite por cima e com uma pitada de pó... credo. Enfim, conectei, olhei o endereço, paguei e voltei ao guichê. Comprei o bilhete por 50 pesos e saí do aeroporto. Fui até o ônibus, entrei e esperei cerca de 20 minutos dentro. O ônibus não encheu, mas entraram duas meninas falando inglês com um sotaque britânico inconfundível. Sentaram na minha frente e ficaram conversando. Percebi que estavam de férias e estavam viajando pela América do Sul. Quando uma delas falou "Brasil" eu levantei e pedi licença pra falar. Elas realmente eram britânicas: Georgina e Sara. Georgina morou três meses na Bolívia e disse que falava um pouco de espanhol também. Sara olhou-me e disse: "I don't know nothing!". Elas nunca ouviram falar de Minas Gerais e eu disse que era acima do Rio... rs. Elas iam ficam num albergue também, parecia que era próximo do meu. Despedi e deixei-as à vontade. Elas continuaram conversando.
Quando o ônibus chegou no ponto final, um casal perguntou (em espanhol) como chegariam ao destino. O motorista disse que haveria carros pra levar cada um ao seu destino. Eu desci e as duas meninas ficaram. A princípio não entenderam o que estava acontecendo. Quando desceram, sentaram um pouco esperando chamarem. Os rapazes chamaram cada um pelo destino e eu entrei num Dobló com elas. Realmente os albergues eram próximos. Percebi que elas também levavam um violão num bag todo estiloso, feito de linha... bem Hippie. Desci primeiro, despedi delas e entrei no albergue. Eram cerca de 17:30. Na recepção a moça disse que eu teria que pagar a estadia em dinheiro e isso seria um problema porque minha idéia era guardar o dinheiro para comprar coisas na rua Queria usar o cartão. Paguei uma semana e tive que convencer a menina que ela tinha que descontar os 20 dólares que eu havia depositado para a reserva. Ela ligou pra outra garota da recepção e tudo foi resolvido. Meu quarto era o 5. Nenhuma surpresa quando encontrei mais 4 brasileiros no mesmo quarto. 3 do Rio e 1 do Rio Grande do Sul. A verdadeira surpresa foi quando chegou uma outra menina estilo oriental. Eu perguntei "hablas español" e ela disse que "um poquito, sí." E eu continuei: "English?". Ela disse: "Yes". O nome era Rosaly. Tinha um pequeno acento britânico também. Ficamos conversando um pouco e ela me perguntou o que eu fazia, eu disse que trabalhava com informática e ela perguntou o que exatamente. Eu disse que programava. Aí vem a surpresa. Ela também programava em .NET (C#). Mesma tecnologia que eu trabalho hoje. Daí ela disse que havia uma amiga com ela. A amiga apareceu, com um sotaque britânico muito mais forte. Eu perguntei se ela era programadora também e ela disse que não e que não sabia o que era mais. Disse que estava de férias e que quando voltasse ia ver o que iria fazer. =P.

Bom, agora vamos à outra mazela, pra não dizer burrice, minha. Eu mexi na minha mala (que na verdade é da Sara) peguei o que precisava, tranquei o cadeado e tomei banho. Quando voltei comecei a procurar a chave (minha mãe vê essa cena todo dia). Não achei nem fodendo. Foi aí que desvendei o mistério. Eu havia trancado a chave dentro da mala, olha que legal!!! As duas orientais em perguntaram o que era e eu disse: "I think I locked the key inside." - "Are you sure?!" - "No, but it's my best explanation by now."
Paciência! Eu tava com uma puta dor de cabeça. Fui dormir, pois não havia nada que eu tinha que pegar com urgência na mala. Problema é que não consegui dormir nada. O que é normal. Os tais brasileiros pareciam ter uma programação certa, elas iam e voltavam várias vezes ao albergue. Saíram pra comer por volta das 22h, voltaram, saíram pra pré-night (seja lá o que isso for), depois saíram de novo de vez. Já era 1:30 da manhã. Eu fiquei por ali, sem dormir direito. De manhã tomei café, leite, chá, comi pão e comecei a me preocupar com a questão da mala. Saí pelas ruas pra procurar cadeados novos. Precisaria de dois. Um pra mala e outra pro armário, assim que um vagasse. Achei um mini-carrefour e comprei alguns suprimentos, mas nada de cadeado. Havia outros problema. Eu teria que serrar o outro cadeado. Eu não sei falar cadeado em español, eu nao sei falar serra ou segueta também. Mesmo em inglês eu nao lembrava. Dei um jeito de conectar à internet com meu resto de bateria do notebook e descobri isso. Agora eu poderia sair pela rua e pedir por um candado e uma sierra. Em inglês seria padlock e saw. Aproveitei e mandei uma mensagem pra Lú dizendo que estava bem. Saí à rua, andei, andei, achei os cadeados, mas nem sinal de serra. Domingo só abre loja que vende tralha pra turista!!! Aprenda! A sorte foi que no albergue a chica me emprestou uma seguetinha, cega, mas que, com custo, conseguiu cortar o candado. Beleza! Assim, abri a mala e voltei a ter acesso ao carregador do notebook e do celular. Também minhas partituras, tênis, roupas, e claro, a maldita chave! Outra coisa boa foi que ambos os carregadores são bivolts e posso usar aqui, que é 220v. Mais cedo eu havia comprado um adaptador de plug, pois o padrão argentino também é diferente.

Bom, por enquanto é só. Breve tem mais.

Detalhe engraçado. A recepcionista fala só espanhol, mas entende inglês e português, então as pessoas chegam e falam frases gigantes em inglês e português e ela responde tudo direitinho em espanhol. O gringo entende, ela entende e eu entendo... É muito divertido!!!

COMUNicar!

Arley Alves Ribeiro