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Músico, vivo, questionador, aprendiz

domingo, março 16, 2008

Gentes e Janelas


A janela do quarto dela era baixa e ele a pulou sem dificuldade. Ela se sentiu extasiada. Quando ele se foi ela se sentiu completa. Quando outro pulou a mesma janela ela sentiu necessária e curou-lhe as ânsias. Quando ele se foi ela sentiu orgulho. Quando mais um pulou a janela, ela estava frágil e não soube o que sentir. Ele foi prudente e a fez sorrir. Quando ele se foi ela se sentiu menor. O próximo que pulou a fez sentir completa e quando ele se foi ela se sentiu partida. Passou-se um tempo até que surgisse alguém na janela. Quando surgiu, havia um vidro e no vidro uma marca de batom. O vidro estava um pouco embaçado e as imagens imprecisas. O vidro era fino e frio, mas bastava para separar o mundo. Quando ele se foi, deixou uma marca de mão no vidro e uma flor no para-peito.

Arley Alves Ribeiro

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