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Músico, vivo, questionador, aprendiz

domingo, julho 29, 2007

Náufrago


Imagine-se numa ilha. A paisagem é linda, o espaço é enorme, a liberdade... pode-se dizer que é maior do que o saudável. Na ilha somente você, sentindo os cheiros, sentindo o vento, ouvindo tudo sem ouvir ninguém. Não mais.

Ninguém ouve seus dizeres. Ninguém lê o que escreve. Ninguém sabe o que pensa. Além de você, nenhum outro bicho aprecia aquela vista, os bichos apenas vêem. Só você sente saudade, só você sente amor. Só você pensa em soluções. Só você sente dó de si. Só você entende o que é a "sua" ilha. Só você planeja seu dia. Só você raciocina em palavras. Só você usa palavras para cantar. Você está só, com sua alma. Sem ela, seria apenas um bicho instintivo... primitivo. Sem sua alma, você apenas caçaria para comer, dormiria para descansar, rezaria... para que?! Só você pode imaginar... imaginar outros lugares, imaginar outras pessoas, imaginar situações, imaginar o amor de alguém, imaginar um sorriso. Ali, só você pode sorrir. Só você pensa que existe alma. Só você trata seus sentimentos como se viessem do coração. Só você sabe o que são sentimentos. Só o seu cérebro humano e desenvolvido pode entender que você tem um cérebro. Só você pode filosofar, ter ética, moral, pudor, vergonha, compaixão. Só você pode encontrar algum motivo não-instintivo de não desistir e morrer. Só você pensa na morte. Só você pensa na vida. Só você sabe verbalizar e compreender, do seu jeito, seus medos. Só você pode se iludir. Só você pode alienar.

Você está numa ilha
que está a um mar de distancia.
Cada um tem sua ilha.
Cada um tem seu mar.


...


Sinto-me a um mar de distancia.
Entendo saudades.
Entendo esperança.
Entendo a ausência
Entendo a falta que faz a saudade, a esperança, tudo
e alguém.

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