Quem "estou":

Minha foto
Músico, vivo, questionador, aprendiz

sábado, dezembro 31, 2005

E daí?

Tenho nos olhos quimeras com brilho de trinta velas
Do sexo pulam sementes, explodindo locomotivas
Tenho os intestinos roucos num rosário de lombrigas
Os meus músculos são poucos pra essa rede de intrigas
Meus gritos afro-latidos implodem, rasgam, esganam
E nos meus dedos dormidos a lua das unhas ganem

E daí?

Meu sangue de mangue sujo sobe a custo, a contragosto
E tudo aquilo que fujo tirou prêmio, aval e posto
Entre hinos e chicanas, entre dentes, entre dedos
No meio destas bananas , os meus ódios e os meus medos

E daí?

Iguarias na baixela ,vinhos finos nesse odre
E nessa dor que me pela só meu ódio não é podre
Tenho séculos de espera nas contas da minha costela

Tenho nos olhos quimeras com brilho de trinta velas

E daí?

(Milton Nascimento e Ruy Guerra)

como pode???

Bichinho de morder

nhac nhac nhac...
falta alguma coisa
nhac nhac nhac...

Devo ter mordido muito forte
ou mordi sem olhar
...
nhac nhac NHAC!

quarta-feira, dezembro 28, 2005

casca

oco
ovo
oco
oço
aço
ave

segunda-feira, dezembro 26, 2005

Metade

e que toda loucura seja personalizada
porque metade de mim é o que sou
e a outra metade...





eu não sei.

NINGUÉM VAI NOTAR PART. 1


Exposição virtual http://planmusica.blogspot.com/
Obras do G.A.

Espiral

Tudo voltou... mais forte
enquanto gira, cresce... gira, afasta... gira, aproxima...
e vai girando.

preciso dizer mais do que ter
preciso de espaço, não preciso de resposta
uma resposta já seria uma vitória
com o espaço, seria uma conquista

é árduo não ouvir, não tocar
é um garimpar no escuro
tentando nao machucar alguém que está no chão
tem alguém no chão?

aqui dentro é tão escuro, daqui não dá pra ver
será que sou visto?

meu amigo Gauche, no meu caso (...) não é só uma fotografia na parede
Mas como dói.

Leiam "Receita de Ano Novo" do Drummond

"Quem teve a idéia de cortar o tempo em fatias, a que se deu o nome de ano, foi um indivíduo genial. Industrializou a esperança, fazendo-a funcionar no limite da exaustăo. Doze meses dăo para qualquer ser humano se cansar e entregar os pontos. Aí entra o milagre da renovaçăo e tudo começa outra vez, com outro número e outra vontade de acreditar, que daqui para diante vai ser diferente."
(Carlos Drummond de Andrade)

sábado, dezembro 17, 2005

flechas perdidas

Até a publicidade foi atingida!
Será que pode publicar isso?

o que eu trago de volta

Eu tento, atento
intento sobre tanto
entende?

não falo no passado
porque ainda vive

as vezes dói em mim
as vezes causo dor
Sempre aceito minha dor
uma vez mais

será que é justo compartilhar?
será que é justo causar dor
a quem se ama demais?

domingo, dezembro 11, 2005

O que me traz de volta

Viver a velha estória
Circunstância e fato
Momento de se ver quem realmente é
Há muito me contaram fábulas
Me falavam da origem de alguém
Não me lembro bem das palavras
Só do eterno início:
"Era uma vez..."
Foram muitas vezes
Que eu ouvi a velha estória
Velha estória
O conto que me faz lembrar de mim
A lágrima no rosto era tudo
E me fez crescer
Com um conto que me falava de virtude
Tanta até a emoção
De quem contava para mim
Era tudo
Tudo que eu queria agora
Era não só lembrar, mas ouvir
A fábula da boca da fada
Que quando criança na cama
Me fez dormir...


Anderson Ribeiro

passagens

um dia ela passou e disse:
olá
eu disse:
é comigo?!
um silêncio depois...
fomos juntos

sexta-feira, dezembro 09, 2005

Carne fulminante

Apesar de enlouquecerem serão sãos
apesar de afundarem no mar
voltarão a se erguer
apesar dos amantes se perderem
o amor não se perderá
e a morte... esta não dominará

Para separar da vida
de mistérios sedutores e da brisa do mar
os olhos de cigana e a carne,
sagrada e fulminante
de dançarinas de pernas largas.

Sua cruz: meu escudo, no altar do seu pescoço
imaculada, mas não por muito tempo

domingo, dezembro 04, 2005

Você mora perto da sua casa?

Que dia será ontem?
Será que vai dar tempo?

Escreveu, correu, voltou de bicicleta e apagou...
eu nem li, eu nem vi

acalanto

Acordando com um choquinho
ninando com uma cançao
seu sorriso é engraçadinho
não diz que sim nem que não

domingo, novembro 27, 2005

senhas

eu tenho fome
eu morro de vontade
eu seco de desejo
e ardo

segunda-feira, novembro 14, 2005

será que vai dar tempo?

Será que vai dar tempo
de escrever o texto
montar o cenário
vestir o figurino
ensaiar os gestos e
todas as marcações?
Será que vai chover?
Será que vou colher?
Será que todos irão saber?
Será que vou com o vento?
Será que vai dar tempo?

terça-feira, novembro 08, 2005

Molduras

a cortina não se fecha
é apenas a maneira que tem de dar as mãos
a cortina não abaixa, simplesmente
ela se curva aos aplausos
a cortina não diz que terminou
elas apenas diz: Podem voltar a respirar

sexta-feira, novembro 04, 2005

indizível

Luz
se há
na
danza

terça-feira, novembro 01, 2005

saudades

saudades é nome.
Devemos escrever Saudades.
Saudades anda em grupo
acompanhando a solidão
alguns dizem que ataca
outros dizem que preenche
Saudades é nobre
faz a gente se curvar
Saudades é dor
e não há remédio
Saudades é mais que amor
cuidado!

segunda-feira, outubro 31, 2005

dica do dia

PAULO LEMINSKY

sonho de 02/01/2003


Este foi até maior, porém eu não consegui lembrar muita coisa quando acordei. Lembro apenas que estava numa avenida, tentando identificá-la como Antônio Carlos ou Carlos Luz (nunca sei qual é qual) de dentro de um ônibus e olhando pela janela. Eu observava a rua pra ver um ponto que eu frequentava (eu não ando por ali, mas no sonho tive essa impressão.) De repente, me encontrei fora do ônibus (não me lembro de descer, apenas de estar na rua), atravessei a rua e fui até um posto de gasolina (tenho certeza que era um ponto de gasolina, porem, não haviam bombas de combustível nem frentistas). Pisei numa borracha quadrada e embolada no chão e quiquei, percebendo que eu podia saltar com aquilo cada vez mais alto. Continuei saltando sobre a borracha, aumentando a altura em que chegava a uns 30 metros mais ou menos. Aproveitei os "impulsos" e fui subindo a rua perpendicular à avenida , a borracha agora me acompanhava e quando eu batia no chão ela estava exatamente lá. À minha esquerda, no alto do morro havia um prédio muito bonito escrito com letras garrafais. "Festa de Reveillon", como se aquele fosse o hotel "point" da virada. E entendi que aquela era a escola Guignard da UEMG (Universidade do Estado de Minas Gerais, porém eu estou cansado de saber que o prédio da escola não é nesta área). Era um prédio grande, não muito alto. Azul, com letras e luzes amarelas. Muito bonito. No quarteirão à direita havia um outro prédio igual, como se fosse um segmento da faculdade. Entre esses dois prédio havia uma praça maravilhosa, iluminada e cheia de árvores. O ônibus seguiu à direita e eu parei na frente da faculdade. Só que me encontrei novamente no pé do morro. O Alexandre, um amigo meu muito palhaço que mora aqui perto de casa, chegou e eu contei pra ele da borracha e começamos a tentar pular. Agora por divertimento, mas, não tava funcionando igual a primeira vez. A gente saltava, porém caáamos meio fora da borracha e acabávamos não subindo muito alto. Paramos, esticamos a borracha no chão direitinho, ela tinha cerca de 30x30cm. Continuou dando tudo errado. O Alexandre ficou negro e eu não tinha mais certeza de quem era mais. Fiquei frustado e sumiu o sonho. Acordei escutando Flavio Venturini no discman.

Against love - a polemic


Trecho do livro Contra o Amor,
de Laura Kipnis

PRÓLOGO
(ou "Acaba de acontecer uma coisa comigo".)


"Quer dançar?" Você reuniu toda a estudada despreocupação que pôde, convencendo-se, por um segundo (a auto-ilusão não é inteiramente desconhecida em momentos como este), de que seus motivos são tão puros quanto o ouro de suas algemas de casamento, sua virtude, tão eterna quanto o cronograma de pagamento de sua hipoteca. Depois de executar este pequeno ato de ousadia, seu corpo agora nervosamente apertado contra esta pessoa que lhe lançou olhares sedutores a noite toda, você lentamente se conscientiza de uma sensação obscura mas não de todo desconhecida agitando-se por dentro, um rumor distante que vai aumentando, como uma manada de elefantes reunindo-se na savana... Ai, meu Deus, é a sua libido, antigamente uma conhecida guerreira da liberdade e agora uma coisa lamentável e mirrada, do criminoso arrogante ao cidadão exemplar, de Janis Joplin a Barry Manilow em apenas algumas décadas. Depois de todo o feroz impulso primal ter sido sublimado há muito tempo no trabalho e na vida familiar, depois de todos os órgãos pertinentes terem se empenhado no casal como propriedade comunitária (e agora muito ocasionalmente reunidos para fazer aquelas trocas conjugais previsíveis, mas — vamos encarar os fatos — com um ardor um tanto flácido, um interesse que diminui aos poucos), você de repente se recorda, com um baque, do que deixou escapar. Quando o sexo ficou tão entediante? Quando ele se transformou nessa coisa que deve ser "trabalhada" por você? Embora não seja constrangedor, quanto tempo você pode continuar sem ele se você não se lembra de tê-lo feito, e o quanto uma boa noite de sono pode parecer mais convidativa se comparada com aqueles atos ensaiados demais? Embora ele costumasse ser muito bom — se a memória não falha —, antes havia todo aquele sarcasmo. Ou decepção. Ou filhos. Ou história.



O resto do pessoal está se agitando desvairadamente com o pseudo-abandono deselegante de cidadãos responsáveis de férias, perto da bebida gratuita e ansiosos por reafirmar a si mesmos que ainda podem engoli-la, sem se importarem com o fato de que vão se sentir péssimos na manhã seguinte. (Talvez acadêmicos em uma conferência anual, gratos por estarem momentaneamente livres de alunos queixosos e da vida intelectual — mas a profissão não importa, esta pode ser a história de qualquer um.) Então aqui está você, dançando no ritmo (assim você espera), boiando numa sensação exótica. Será... prazer? Há muito tempo que alguém não olha para você com esse tipo de interesse, não é? Várias partes corporais e mentais estão agitadas por esse contato imediato com uma anatomia que não é a de seu parceiro — que foi dissuadido de vir, ou que não estava interessado, para começar, e...



Apague este pensamento, rápido. Isto é, se você pode chamar o que está passando pela sua cabeça de pensamento.



Talvez não fosse uma festa. Talvez fosse um avião, ou sua academia, ou — para os que preferem viver exclusivamente no presente — o trabalho. (Pense bem: vários encontros embaraçosos pelos anos que virão.) O lugar não importa; o que interessa é se ver chocando-se tão voluptuosamente com uma possibilidade, um momento desestabilizador do tipo pode-ser-o-começo-de-alguma-coisa. Você se sentiu transformado: de repente tão encantador, tão atraente, despertado de uma inércia emocional, e mudo de surpresa com todo o desejo lancinante que você pensava que tinha superado há muito tempo. Então aconteceu o primeiro telefonema nervoso, um café, ou um drinque, ou — dependendo das circunstâncias — uma inacreditável maratona de conversa que varou a noite. Há muito tempo que alguém não ouve você desse jeito ou ri de suas piadas, ou olha ansiosamente dentro de seus olhos. Quando vocês se tocam "acidentalmente", uma dor de ânsia se aloja na mente e na virilha, substituindo um vazio que você nem percebia que estava ali. (Ou se acostumara a se automedicar com os paliativos de sempre: martínis e Prozac.) De algum modo as coisas rapidamente ficam um pouco mais sérias do que você previra, algo que você queria secretamente (tudo bem, queria desesperadamente), e agora as emoções estão envolvidas, as vulnerabilidades estão envolvidas — emoções que você não pretendia ter, vulnerabilidades que o arrepiam até o âmago, e você não deveria estar sentindo nada disso, mas também você está estranhamente... será alvoroçado?



Por trás desse alvoroço há uma fusão combustível de ansiedade entorpecente e culpa torturante. Você parece estar transpirando constantemente, um suor desagradável e pegajoso. E, meu Jesus, será que isso é herpes? Seu estômago fica desarranjado; sua consciência parece um apêndice inflamado, doendo, prestes a supurar de toxinas e culpa. Um vírus estranho parece ter invadido seu sistema imunológico, que normalmente funciona muito bem, penetrando-lhe as defesas, deixando-o vulnerável, trêmulo, estranhamente corado. Parece que você contraiu um caso de desejo fatal. (A única vida que ele ameaça é a que você levava, que agora parece dolorosamente carente de um ingrediente vital — uma ausência cuja imagem agora persegue cada pensamento que você tem.)



Será que você é mesmo do tipo que faz essas coisas? Tudo se antecipa muito ao fato, esse tormento pessoal, porque você ainda não "fez coisa alguma" realmente, mas ainda assim você se odeia. Você decide dissuadir o objeto de amor recém-encontrado — fazer uma saída elegante. "Não posso", você explica pesaroso, embora perceba que, na verdade, você pode. Não há nenhuma estatística confiável sobre o lapso de tempo médio entre expressões como "Não posso" ou "Talvez não seja uma boa idéia" e o começo das preliminares, mas os sociolingüistas devem pensar em investigar seu peculiar poder afrodisíaco. De qualquer modo, a culpa é um alívio a seu modo — ela confirma que você realmente não é má pessoa. Se fosse, não se sentiria culpada.



Ou... talvez você tenha feito isto algumas vezes antes. Talvez mais do que algumas vezes. Talvez você tenha feito sua própria barganha particular, periodicamente se desprendendo do gancho da fidelidade no sentido estrito — não levar a sério, divertir-se um pouco, não enganar ninguém — para manter a fidelidade no sentido mais amplo, preservando aqueles compromissos antigos com o máximo de sua capacidade, apesar de tudo. "Tudo" aqui resume cada concessão que você não pretendia fazer ou aquele catálogo muito manuseado de mágoas que você leva consigo o tempo todo, ou as crescentes rejeições sexuais (cada uma delas uma ferida pequena mas duradoura em alguma parte delicada de seu ser), ou — preencha você mesmo o espaço em branco. E até agora isso funcionou (bata na madeira), não aconteceu nenhum desastre imenso (apesar do ocasional momento de tensão, uma recriminação aqui e ali), porque, afinal, você é fundamentalmente uma pessoa decente, sincera a seu modo, e você não quer magoar ninguém, e é claro que você ama seu parceiro, ou pelo menos não consegue imaginar a vida separado dele (nem as rupturas, a angústia e a vergonha social que tal rompimento acarretaria), mas você precisa — bem, do que você precisa não é bem a questão, e certamente não é uma discussão que você pretenda ter consigo mesmo (talvez depois que as crianças estiverem na faculdade devam ter filhos, se não adiarem para um momento indefinido no futuro), afinal, por que abrir essa caixa de problemas, se é óbvio que depois aqueles problemas não vão voltar voluntariamente para a sua caixa e a última coisa que você quer é uma grande confusão nas mãos. Ou para as pessoas pensarem que você é uma imbecil ou uma puta egoísta que não se importa com ninguém, só consigo mesma, ou qualquer dos outros termos que uma comunidade ameaçada usa para expressar o opróbrio moral.



Quaisquer que sejam as peculiaridades, aqui está você, no limiar de uma grande infração dos mandamentos, prestes a ser induzido (ou talvez reintegrado, você decide) na culpa secreta de sabotadores conjugais, estorvando imprudentemente o mecanismo social com seus desejos errantes. Você não tem idéia do que está fazendo, ou do resultado disso (pode ser necessária uma amnésia situacional sobre a última vez), mas você faria qualquer coisa para continuar se sentindo tão... vivo.



E tão... experimental. O adultério está para o amor-segundo-as-regras como o tubo de ensaio está para a ciência: um receptáculo de experiências. É uma forma de se ter uma hipótese, de improvisar: "E se..." Ou de assumir um risco conceitual. Como qualquer experiência, pode ser realmente uma má idéia ou pode ser uma cura milagrosa — transubstanciação ou uma possível explosão. Ou as duas coisas. Alguma coisa nova pode ser inventada ou compreendida: pode ser a próxima mudança de paradigma esperando para acontecer. Ou pode ser um fiasco. Mas você nunca sabe de antemão, não é?

terça-feira, outubro 25, 2005

virtual

Ser virtual
quando quiser
conectar à vida real
discutir quando quiser
fazer downloads
do que gostar
enfim, ter opções.
O virtual é uma virtude?

Entre sem bater

A porta estará aberta
não precisa de crachá
nem precisa de achar
nada
se quiser diga oi
se não quiser não diga não
não feche portas
não precisa bater
pra entrar nem pra sair

só vou partir quando secar

Faça de meu descanso o teu acaso
e o ocaso fechará o dia
Faça das minhas asas seu lenço
e não mais voarei

Orra!

corra! que a polícia não vem aí
corra! que a política vem aí
corra! que a poli-CIA vem ah! ih!
corra! qui'a puliça evenhaí
corra!
surra!
porra!
morra!

s.o.s.

saber insistir mortalmente
argumentos?
nuvens aparam objetos?
todas as lutas virão em zoom
opções

segunda-feira, outubro 24, 2005

caça palavras

correndo mais alto
quebrando barreiras
aspirando secretamente
espíritos amam
o resto ri
as simbologias sim
comovem os trausentes
perto da via
tende certo
medo de cafonismo.

domingo, outubro 23, 2005

Postagem antiga, resgatada

SONHOS
20/01/2003



O sonho tem partes anteriores ao que vou escrever, porém não consegui lembrá-las.


Éramos um grupo de amigos, indo viajar ou procurar alguma coisa. Estávamos alguns de carro e outros de moto. Eu viajava na na frente da moto, porém, nao guiava. Havia o piloto, que não lembro quem era, no meio, e o Tato (Renato) na garupa. Parecia ser outro tempo e não o atual, nem o passado, ou pelo menos outro país. Íamos na frente da “comitiva” por assim dizer. O transito era completamente louco e agressivo, cortávamos os carros tanto na mão quanto na contra-mão (estrada) quando precisávamos. Um certo momento quando ficamos sem opções de passagem e indo muito rápidos, o piloto jogou a moto para a esquerda, aí sim fodeu tudo. Os carros vinham de frente pra nós, com uma colisão quase certa. Quando percebi que só eu estava sem capacete (reclamei que o Tato é quem devia estar assim, já que ele estava atrás) gritei:_ Freeeeeeia!!!! A moto foi freada, arrastamos por alguns metros, paramos e olhamos para trás certos que alguém do nosso pessoal havia machucado. Corremos para socorrer, no meio daquele monte de gente que já estava em volta. Aliás eram os meus amigos. Tentei reconhecer o acidentado, mas foi em vão. Como eu disse, estávamos numa estrada até então e não havia casas ou nem nenhum tipo de construção, mas, mesmo assim fomos pedir ajuda na vizinhança que havia “aparecido”. Agora estávamos rodeados de casas, como num bairro qualquer. A Fran que era quem estava mais próxima do rapaz deitado, disse que ela precisava de “trôio”, uma planta! Então, o Alex (meu irmão) bateu interfone numa casa grande, toda cercada de muros altos, que foi atendida uma velhinha daquelas meio devagar, surdas, e meigas. O Alex começou a fazer aquele discurso que os meninos fazem dentro dos onibus para vender balas ou pedir contribuições para a mãe que está doente ou algo do tipo. Ele falou algo assim:_ Não estou aqui para roubar, nem matar, blablabla, só estou pedindo um “não-sei-o-que”. Foi como se ele tivesse dito o nome cientifico da planta, sendo assim, eu não entendi nada, muito menos a velhinha do outro lado do interfone. Eu me irritei e falei pra ele sair e me deixar falar. Quando a velhinha, acho que curiosa com as palavras dele, abriu a porta da cozinha e nos atendeu, eu disse que nosso amigo hvaia sofrido um acidente e precisava de "trôio". A velha fechou a porta e eu fiquei decepcionado com a reação dela. Então fui andando rumo a uma outra casa qualquer. A senhora voltou a abrir a porta, agora com duas folhas verdes do tamanho de folhas de couve na mão, porém ásperas e irritantes. Peguei da mão dela, agradeci e corri pro outro lado da rua para entrega-las a Fran, que recebeu e disse assim: _Não! Isso é tempero trôio, eu preciso de Merengue!!! Eu fiz uma cara de decepção e corri de novo na velhinha, dizendo: _Agradeço a boa vontade da senhora mas eu me enganei. Preciso de “morango merengue” e não tempero trôio. A senhora deve ter aí em seu pomar, quintal, sei lá onde você planta! (reparem que troquei trôio-merengue por morango-merengue). A velhinha entrou novamente com um sorriso no rosto e voltou com outra planta desta vez bem menor. Quando ela ia me entregar chegou a Malu, minha cadela cocker preta, pulando e cheirando a folha. A velha se assustou, mas, eu segurei a Malu. A velha falou algo sobre medo e eu a tranqüilizei dizendo que a cadela era mansa. A velhinha entendeu e passou a acariciar a cachorra. Então peguei as folhinhas e corri de novo na Fran que me disse que não precisava mais. Eu fiquei sem entender se aquilo era porque nosso amigo morrera ou porque ele tinha melhorado. De repente me vi numa espécie de área rochosa, tipo rocha vulcânica, com mais quatro dos meus acompanhantes da estrada, porém não eram os rostos deles. Começamos a andar sobre as rochas e encontramos uma parte da rocha de mais ou menos 1m (um metro) de altura e largura com uma aparência de rosto humano. Havia um buraco no local da boca, grande, uma saliência no nariz, outros dois buracos menores e iguais no local dos olhos e um tipo de rocha lembrando o cabelo longo. Assim como as descrições que temos do Cristo! Nisso, todos começaram a jogar pedras tentando acertar dentro dos olhos e boca enquanto gritavam que o acidente era culpa Dele e que nós iríamos quebrar, gritar, e sei-lá-o-que mais... foi quando eu pulei numa vala que vinha antes da pedra-rosto e me postei na frente dela gritando: _Parem! Cês ficaram doidos?! Isto aqui não é Ele. É pedra. Oh! Tão vendo?! Pedra!! (e eu dava batidinhas no rosto) Eu fui enchendo os olhos e boca de terra e pequenas pedras para descaracterizar o rosto e ia dizendo aos outros quatro: _Isto aqui poderia ser vocês!! Você, por exemplo!!! E apontei para um que tinha barba grande porém cabelo curto e escuro. _Ou esse Jacu-estrela aqui oh! E apontei para um que estava mais próximo de mim e que realmente parecia Jesus, pois tinha o cabelo e barbas grandes. _Ou qualquer um de vocês. Só que isso aqui é rocha, pedra, ou seja, NADA! Agora se quiserem atirar pedras e assumir sua loucura, fiquem à vontade, mas, eu não vou sair daqui!!!
Sendo assim o primeiro à minha direita foi desaparecendo de baixo para cima, como uma ilusão ou um holograma. Ele ia sumindo e gritando... depois o próximo da direita para a esquerda, até que sumiram todos! Foi como se ele (eu agora nao era mais eu, era alguém, não sei quem!) tivesse salvo o dia, e fosse bom isso que ele fez! De repente ele virou um herói e ganhou uma armadura de Jaspion! Isso mesmo... Jaspion! Ele (o antigo eu) virou Jaspion e comecei a ver como se fosse aquelas aberturas do programa do Jaspion onde mostram as virtudes, a arte, as armas e coisas do tipo... ai acordei... rindo, lógico.

sexta-feira, outubro 07, 2005

FALLclore

A ponte de SCHOENBERG
____________________está caindo
_______________________________está caindo
_________________________________________está
_____________________________________________cai
________________________________________________nd
__________________________________________________o.

____________________nbe
_______________Schoe____rg
___________de_______________está
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_____________________________________
_____________________________________
_____________________________________o
_____________________________________.
_____________________________________.
_____________________________________.

cura

Fosse teu sono um bálsamo
ciciaria-te cancoes de ninar
Veria entao teu corpo inerte
e dele poderia me curar.

sábado, setembro 17, 2005

X da questão

Desculpe minha ignorância, é que a cultura custa $40 e não aceitam cheque, apenas cartão. O juros é de 10%, a taxa de manutenção mensal é de $8 ou $12, se preferir. Estudante paga meia no teatro enquanto a faculdade custa $750. Se fizer estágio recebe 75% de UM salário MÍNIMO. Faça as contas por favor, ou você não gosta de matemática?

a carta ::... xíii... e a métrica? coitada...

Não sei se caso ou se vendo a bicicleta.
Se uso brinco ou durmo de cueca.
Sou amigo do polvo, mas não voto no Lula
Sou amante da rima, nem tanto do sentido
O certo é só o que tento dizer e não sai
só essas piadas continuas, esse sorriso limpinho
e o bem que me faz
Se pudessem ler meus pensamentos
confusão seria a ordem
Sou des-comunicador, interna e externamente
Impulso e arrependimento andam juntos
comigo funcionam não necessariamente respectivos

Resumindo:
Amo!
Pronto! Falei!

duas quadras

Grito de alegria
silêncio é tristeza
dúvida para passar o tempo
sonhar é esquecer

:::...

Eles eram diferentes
todos tinham razão
cada qual em seu mundo
cada mundo em seu vão

eu que na verdade?

Eu, que na verdade sou
um ser que esconde a dor
que não quer guardar rancor
e não sabe
que se transborda em amor
mas se cala
se fala
erra
se erra
ferra

não se leva
não deixa levar
pra nenhum (ou qualquer?) lugar

sonho de 01/08/2003

Estávamos na estrada qundo fomos assaltados por um grupo, tudo acontece pouco antes de uma barreira policial, mas, os bandidos passam pela barreira atirando. Uma policial morena diz pra pedirem reforço enquanto sobe numa moto (não essas motos da polícia usuais, mas, daquelas grandes... de corrida). Enfim, ela sai atrás dos bandidos que estavam numa moto e três carros. A policial acelera muito, faz manobras quase deitando a moto por completo para ultrapassar os carros na estrada.
Quando ela alcança a moto do bandido, ele se vira e dá várias rajadas com sua metralhadora, obrigando a policial a se esqueivar. O motoqueiro some, porém, de cima de um viaduto, um casal de crianças de uns 8 anos, atiram na policial. Ela vacila em atirar e encosta sua arma no bico da arma da criança e grita nervosa: _ Então atira! Atira agora!!! - a criança atira, acertando o pescoço da policial que cai.
A perseguição continua, agora a pé, numa espécie de parque ecológico, com lagos, árvores e cheio de gente. Quando começo a correr seguido de outro policial (ambos desarmados - detalhe é que agora eu era policial) um senhor fala em meu ouvido - Eles estão ali, atrás daquela árvore.
Eu, meio sem acreditar e lembrando que estava desarmado enquanto os bandidos tinham metralhadoras, não paro de correr, pensando apenas em esperar reforço.
No caminho passo por uma trilha ao lado de um laguinho cheio de lodo e plantas aquáticas que tampavam o fundo. Quando estávamos correndo ao lado do lago, eu já puto com alguma encheção de saco por parte do outro policial, empurro-o para a água. Ele afunda em meio às plantas, barro e lodo enquanto um terceiro policial grita comigo: _ Você é louco?! E se ele agarrar no barro ou nas plantas? Você nem sabe se ele sabe nadar. (Foi mais ou menos isso que ele falou). Com isso, eu pulo na água, mas, o sujeito já havia saído do fundo, todo marrom de barro. Ele parece que entendeu que merecia e continuamos a correr.

e o meu olho abre...

sexta-feira, setembro 16, 2005

re-inauguração

abriu-se
novo
velho
mundo!

quarta-feira, setembro 14, 2005

sentidos, sentimentos, perdas, ganhos, claro, escuro e o que mais fizer minha primavera

No escuro do labirinto
tateei pra te encontrar
não achei voce, achei a saída
e uma luz me cegou

...

De tanto zelo, o amor se zerou!

segunda-feira, setembro 12, 2005

instante

Quando o instante se torna eterno
deixando de ser apenas uma bonita idéia
vêm aquele silêncio, no meio daquele barulho
aquela saudade, aquela "ilusão"
daquilo que "é real" (para mim)

... acredita?

sexta-feira, setembro 02, 2005

leve

De leve me traga perto
soul leve vôo ao vento
Não luto, não contra o tempo
Relevo e sigo atento

terça-feira, agosto 23, 2005

Pensemos

A história dita o tempo como bem entender, isto no entendimento do homem (que se considera pensante). Pensa que sabe pensar, pensa que humano é errar e continua tentando (pensando). Pois sim?! Não! Pois não?! Sim! É isso!
Tente me entender, decifre meus pensamentos, pense que pode compreender e aplauda no final... se puder. Estude outras idéias, outros ideais. Deixe de lado, seu lado assassino, seu lado romântico, seu lado moleque, apenas raciocine. Pratique yoga, meditação, Tai Chi Chuan. Leia, concentre, registre... E assim, quando tiver alguma certeza, saiba que está completamente equivocado, com certeza!!!
Você irá tropeçar no seu sistema e dos outros que ouviu, leu, interpretou, entendeu. No fim, seu coração ou cérebro, (seja lá o que for) vai te deixar dúvidas novamente... e o ciclo continua. Felicidade, costume, tempo, opção, liberdade; palavras que caminham juntas... Ah, antes que eu me esqueça... meu cachorro abanou o rabo quando cheguei, assim como em todos os outros dias da sua vida.

Resumindo:

Foda-se o mundo
eu não me chamo Raimundo
Se me chamasse, seria uma rima
não seria uma solução

Mundo mundo vasto mundo,
mais vasto é o meu coração.

Viva o Gauche!

sábado, agosto 20, 2005

K. E A

Sou um sujeito verdadeiramente estranho, louco, com toda a razão e certeza. É possível? Vivo tropeçando quando tento me explicar. Nem para mim consigo, quanto mais para os outros. É como tentar dar uma aula do que não se sabe, apenas supõe.O que me sobra é a lembrança dos vôos que não tenho certeza se voei....

Certos amores misturam ilusóes, lascivia e álibi./
Pousam olhares, luzes incisivas.
Antigas nesgas abrem-se/
drama (dor) eterno(a) /
Como amar mesmo perdendo ostentação e sobriedade ?/
Menina, orgulhe-se.
Unicamente restará ...
AMOR...

e que se faça a luz... e a luz se fez!

sexta-feira, julho 29, 2005

Nada

Até tenho muita coisa pra dizer, mas, ninguém se importa e nem deveria. Além disso eu não saberia explicar. "Explicar só piora!"

sexta-feira, junho 03, 2005

cifra inédita

Vou postar uma cifra que eu mesmo fiz e que não se acha na internet, até agora!

Quem quiser explicações sobre a formação destes acordes é só pedir!

A fábrica do poema Adriana Calcanhotto
Cm9
SONHO O POEMA DE ARQUITETURA IDEAL
Ab6
CUJA PRÓPRIA NATA DE CIMENTOENCAIXA PALAVRA POR PALAVRA,
Db7
TORNEI-ME PERITO EM EXTRAIR
FAÍSCAS DAS BRITAS E LEITE DAS PEDRAS.
Cm9
ACORDO;
Bb7/F
E O POEMA TODO SE ESFARRAPA, FIAPO POR FIAPO.
Cm9
ACORDO; O PRÉDIO, PEDRA E CAL, ESVOAÇA
Bb7/13/F Dº
COMO UM LEVE PAPEL SOLTO À MERCÊ DO VENTO
E EVOLA-SE,CINZA DE UM CORPO ESVAÍDO DE QUALQUER SENTIDO
Cm9 Bb7/13/F
ACORDO, E O POEMA-MIRAGEM SE DESFAZ
DESCONSTRUÍDO COMO SE NUNCA HOUVERA SIDO.
Cm9
ACORDO! OS OLHOS CHUMBADOS PELO MINGAU DAS ALMAS
Bb7/13/F
E OS OUVIDOS MOUCOS,

ASSIM É QUE SAIO DOS SUCESSIVOS SONOS:
Am
VÃO-SE OS ANÉIS DE FUMO DE ÓPIO
Dm7
E FICAM-ME OS DEDOS ESTARRECIDOS.
Am Dm7
METONÍMIAS, ALITERAÇÕES, METÁFORAS, OXÍMOROS
SUMIDOS NO SORVEDOURO.
F F4 F F4
NÃO DEVE ADIANTAR GRANDE COISA PERMANECER À ESPREITA
E7/B
NO TOPO FANTASMA DA TORRE DE VIGIA

NEM A SIMULAÇÃO DE SE AFUNDAR NO SONO.
Am
NEM DORMIR DEVERAS.
F E
POIS A QUESTÃO-CHAVE É:
Am Dm (Am Dm) Am
SOB QUE MÁSCARA RETORNARÁ O RECALCADO?

quinta-feira, junho 02, 2005

Paciência

Lenine

Mesmo quando tudo pede um pouco mais de calma
Até quando o corpo pede um pouco mais de alma
A vida não para

Enquanto o tempo acelera e pede pressa
Eu me recuso faço hora vou na valsa
A vida tão rara

Enquanto todo mundo espera a cura do mal
E a loucura finge que isso tudo é normal
Eu finjo ter paciência

O mundo vai girando cada vez mais veloz
A gente espera do mundo e o mundo espera de nós
Um pouco mais de paciência

Será que é o tempo que me falta pra perceber
Será que temos esse tempo pra perder
E quem quer saber
A vida é tão rara(Tão rara)

Mesmo quando tudo pede um pouco mais de calma
Mesmo quando o corpo pede um pouco mais de alma
Eu sei, a vida não para(a vida não para não)

quarta-feira, junho 01, 2005

Memorial de minha educação musical

Flashes

Chorei quando Alex, meu irmão, saiu de casa para seu primeiro dia de aula. Eu estava inconsolável. Porque ele podia ir para o Jardim e eu não?! Não era justo! Afinal de contas eu já tinha quatro anos!!!
[...] [...]MINHAS MANIFESTAÇÕES DENTRO E FORA DE SALA FORAM DE GRANDE PESO PARA A TROCA DE PROFESSORES NO 2º PERÍODO DA FACULDADE[...] [...]Larguei a escola no início de março. Estava no 1º bimestre do 3º ano do Ensino Médio. Afinal de contas para que ir à aula se nada se aprende, nada é ensinado, todos os alunos conversam, ninguém leva a sério, nada é avaliado?! Assim, por cansaço, decepção e fome, larguei a escola e fiquei apenas trabalhando, se é que se pode chamar aquilo de trabalho[...] [...]Já havia lido alguns livros de literatura brasileira, gostado de alguns, amado poucos, aprendido com outros, porém, o que eu gostava mesmo era de gibi, principalmente do Batman, simplesmente porque ele era humano e não tinha superpoderes. Havia também os X-men, o Homem-aranha, e depois o Spawn. Em outra linha de quadrinhos, havia Os Escrotinhos, o Orgasmo, o Bibelô, o Geraldão, os Piratas do Tietê, Garfield, Calvin e Haroldo, e... o "i", personagem criado pelo Daniel. Aliás, o Daniel foi um amigo importante na questão leitura, instrução, curiosidade. - Saudações, amigo![...] [...]Paulo Coelho e Sidney Sheldon parece que bebem da mesma fonte. Ganham muito e vendem muito também, mas eu não os compro. Li apenas um livro de cada e me senti cheio. Sigo em frente. Maurício de Sousa foi o primeiro a me interessar com sua literatura, colorida e simples. Até então apenas havia ouvido os outros lerem livros para mim. Interessava-me por eles, mas não havia tido um contato mais forte. Apenas vi cartazes, capas, TV e palavras soltas[...] [...]Inicio meu livro. Não sei se vou publicá-lo. Talvez! Mas preciso escrevê-lo. Aos poucos. Estudando-me, dizendo-me, gritando com tinta tudo o que conseguir.[...] [...]Aquela bateria ficava ali, e eu, no auge dos meus oito anos. Sentava-me e olhava se meu irmão não estava... TUM TA TUM!! Tentava imitar o som que ouvia o Erivan tocar. E ele, quando me via deslumbrado com o instrumento, rodava as baquetas entre os dedos para que meus olhos brilhassem ainda mais. The Doors, Legião Urbana, Plebe Rude, aqueles pôsteres todos dos Titãs, da Janis, daquela banda punk inglesa... Como era mesmo o nome*???... Os shows da Paz Armada, o baixo do meu irmão Anderson, os amplificadores, aquelas caixas que me cabiam dentro, a voz do Cláudio e o violão, ali meio largado no canto... Eu lá no meio.Rodando, rodando, sonhando, decorando letras e tentando me afinar. Assimilar aquilo tudo[...] [...]Aqui estou eu regendo um monte de pessoas, ensinando melodias, corrigindo afinações, gesticulando, trabalhando com música, poesia e liderança. Quem diria!

"Uma coisa e uma coisa, outra coisa é outra coisa. E assim por diante. Não necessariamente nesta mesma ordem."

"A coisa do tempo... o tempo das coisas... cada cousa em seu tempo... cada tempo em cada coisa..."



O tempo

Entrei no maternal com 4 anos pois já estava louco para começar. Em pouco tempo aprendi a ler devido à minha grande curiosidade.
Com seis anos, viajava para Divinópolis com minha mãe e lia todos as placas, tagarelando o tempo todo.
Minha mãe contava estórias, e elas me encantavam. "...a fábula da boca da fada..." diria meu irmão mais tarde, em seu livro ALGOZES.
Em minha infância passei a ler gibis, principalmente os da Turma da Mônica. Não que eu fosse fã de leitura, mas simplesmente porque aquilo era divertido quando não tinha mais com quem brincar.
Meu pai escutava Sérgio Reis. Meu avô, meu tio Ronan e minha tia Marta tocavam violão. Eu era o menino (que bonitinho) que cantava: Galopeeeeeeeeeeeira! (Devia ser terrível, pelo menos não me lembro do som).
Meu irmão Anderson tocava violão e escutava rock, este movimento que surgia e contagiava. Anderson e os amigos montaram a banda PAZ ARMADA por volta de 1986 e, junto com ela, muitas outras bandas surgiram. Elas se organizavam promovendo festivais e shows por toda a região de Contagem. Eu, fascinado com aquele universo, gostava de ir aos shows e ensaios, que, às vezes eram em minha própria casa. Microfones, discos, pôsteres, guitarras, violões, livros, baixos, amplificadores, aparelhos de som, pedestais, bateria, revistas de cifras musicais, encartes dos vinis... Ah! Os encartes! Disso eu entendia! Eu os lia decorava todas as letras da Legião Urbana. Todas mesmo. Exercitava minha memória, minha escrita, minha leitura. Sempre que estava a toa com um caderno na mão, acabava escrevendo alguma música e tentava cantá-la. Também procurava imitar os cantores originais e queria tocar violão. Então dizia ao meu irmão:
_Anderson, me ensina a tocar seu violão?!
_Não! – respondia. Eu retrucava.
_Então, eu vou fazer aula com o Omar, tá?! – Eu insistia.
_Não! Você tem que aprender sozinho. – Rebatia ele.
_Posso treinar no seu violão? - Eu pedia.
_Não! Não quero você mexendo nas minhas coisas - Dizia demonstrando irritação.
Daí ficou difícil. Eu também não tinha feito muitos planos com a música até então, mas, como ela estava ali perto de mim, ficava complicado me manter neutro, eu que sempre fui curioso em aprender coisas.
Além dos encartes, meu irmão tinha livros, revistas de música,e revistas em quadrinhos variados. Batman principalmente, mas havia outras também, de outros personagens. Sempre adorei desenhos animados, filmes, músicas, esportes e livros. Minha leitura era sempre ligada às minhas áreas de interesse.
Certo dia, li "A ladeira da saudade", de Ganymedes José. Este foi o primeiro livro que realmente gostei de verdade. Eu o li três vezes e me prendi, não largava o livro, nem queria parar de lê-lo para fazer outra coisa qualquer, até mesmo comer.
Meu irmão era compositor de letras e músicas em sua banda. Eu queria fazer letras e músicas também, mas a música teria que esperar. Eu não podia com ela. Escrevia algumas coisas, cartinhas apaixonadas para minhas "musas". Entregava, umas, recebia outras. Sempre me decepcionando. Na paixão seguinte, lá estava eu escrevendo de novo.
Durante um certo período, de música nada fiz a não ser ouvir. Ia "na onda", por assim dizer, Eu gostava do que todos gostavam, o que estava na rádio, sem erguer bandeira. Isso nunca fiz. Minha leitura eram apenas de quadrinhos. Não que estes não tenham valor, mas não lia nada especializado, atual, técnico. Nada sabia de filosofia, de história, de literatura brasileira ou estrangeira. O máximo que fiz foi decorar o "soneto de fidelidade", e ler algo do Drummond.
Quando completei 16 anos, um amigo comprou um violão e entrou para a aula do instrumento. Eu não tinha dinheiro para isto, porém, havia algumas velhas revistinhas de cifras do Anderson em casa e um método de violão. Porém, faltava o violão. Pedi emprestado para o Daniel. Ele o havia ganhado e não estava muito interessado. Quando comecei a aprender, pedia uma ajuda aqui outra ali e não largava o "Spectroman" (o violão). Em três meses, estava tocando uma ou outra do Roberto, um Legião aqui, um Plebe Rude ali, Sérgio Reis também, Paz Armada, e assim eu seguia aprendendo.
Toquei violão sozinho até os 18 anos. Colecionava gibis até aí também. Até que arrumei um "serviço" na parte da manhã e passei a estudar à noite. Trabalhava longe de casa, acordava às 6:00, saia as 7:00, trabalhava de 8:00 às 18:00, recebia R$120,00, o mínimo da época. Como não recebia ticket alimentação, comia num restaurante. Isto me onerava em R$60,00 ao mês. Estudava no Estadual central de BH, (3º ano, Ensino Médio) e saía do serviço literalmente correndo para pegar o ônibus 1207 lotado, descer no centro para andar até a escola e chegar alguns minutos atrasado em sala de aula. Chegando em sala, todos aqueles meus estranhos e novos colegas, estavam gritando, brincando, falando, jogando, namorando, menos estudando. Os professores não davam aula, ficavam conversando com os alunos, não davam as matérias, não falavam minha língua. Eles não entendiam a minha função nem a deles ali. Eu, com fome desde a hora do almoço, acabava lanchando só às 20:40 aproximadamente. Isto durou até eu perceber que, se eu lanchasse no colégio, eu estaria gastando todo o meu digníssimo salário e esforço apenas para comer. Minha escola era uma grande ilusão e minha fome era real.
Como no início do terceiro mês de aula, não havia sido distribuído nenhum ponto, nem matéria, nem o nome de ninguém eu sabia, larguei os estudos. Achei que meu emprego de Auxiliar Técnico da Escolinha do Cruzeiro - Unidade Betânia iria me gerar algum futuro no mundo esportivo. Besteira! Meu "patrão", um ex-massagista do América, no terceiro mês de serviço me dizia todos os dias: - É Arley, precisamos cortar gastos, acho que precisaremos te dispensar. - E repetia todos os dias. Depois de certo tempo, eu resolvi responder:
- Quer saber?! Pare de ficar me ameaçando mansamente deste jeito e me mande embora logo! – Então, ele replicou.
- Você não tem humildade, desiste rápido. - Se eu contasse o que eu fiz de esforços dentro desta escolinha, escreveria um livro.
Assim, fiquei sem dinheiro, sem emprego, sem escola e com um violão. Ahá! Durante meses, fiquei em pânico e depressivo. Até que um dia, conversando com um amigo que estudava em Betim, surgiu uma esperança.
Consegui completar meus estudos em Betim, numa escola estadual. Aliás, lá comecei a freqüentar a biblioteca. Li quase todos os livros de contos do Drummond. Isto é, todos os que a biblioteca possuía. Li também "O Alquimista", de Paulo Coelho e um livro de Sidney Sheldon. Tais livros são costurados. Eles terminam, eles fecham, não deixam espaço para o leitor pensar, buracos para preencher. Por isso, não me interessei mais por esses autores. Nessa época, conheci as obras literárias de Chico Buarque, Clarice Lispector, Machado de Assis, Carlos Eduardo Novaes, José de Alencar, Luís Fernando Veríssimo, Érico Veríssimo, Guimarães Rosa. Foi um semestre em que li muito, pois, eu estava uma pessoa séria e não gostava de sair de casa, enquanto não terminasse meus estudos. Sentia-me culpado e, ao mesmo tempo, revoltado com a educação que me ofereciam.
Quando enfim me formei, consegui um emprego numa locadora e comecei a trabalhar com informática. Com o dinheiro que recebia, comecei a estudar violão com um professor particular. Já pensava numa formação erudita, pois no meu entender o violão "popular" estava adiantado.
Em 1999 estudei na Fundação de Educação Artística por 6 meses. Também em 1999 fiz prova para ingressar no CEFAR (Centro de Formação Artística do Palácio das Artes). Passei e comecei a freqüentar aulas de percepção musical, apreciação musical, canto coral, viola de orquestra. Percebi o quanto eu estava atrasado musicalmente, apesar dos meus esforços, e como comecei tarde os estudos de música. Já no 2º ano no CEFAR passei a assistir outras aulas como ouvinte, tais como: Instrumentação e orquestração, Harmonia, Regência, além de fazer curso pré-vestibular. Agora eu pensava em uma faculdade. Queria me formar músico. Queria viver trabalhando com isso.
Em 2002 pensei um projeto que reunisse músicos, bandas e que lembrasse os festivais e os eventos em que meu irmão e sua banda participavam freqüentemente anos atrás. Hoje em dia não há mais eventos como esses tão facilmente. Encontrei então um outro idealista, que tinha um projeto semelhante, poém mais amplo – o de criar uma associação de artistas em Contagem. Depois de algumas reuniões com integrantes de bandas, poetas e outros artistas, surgiu a Associação dos Artistas de Contagem. Entidade sem fins lucrativos e em busca da descoberta e promoção da arte e dos artistas de Contagem. Em algum tempo, e com muito trabalho, criamos um informativo cultural e montamos uma biblioteca com um acervo de cerca de 3 mil livros, que são disponibilizados aos moradores de Contagem. Junto à Associação dos Artistas foi criada a Academia Contagense de Letras, na qual participei de alguns de seus saraus e depois até dividimos o informativo.
O informativo cultural da AAC era escrito por mim e por Eli Junior, o presidente da entidade, e por quem ser interessasse em elaborar algum editorial sobre assuntos culturais em Contagem. Tal informativo trazia poesias, quadrinhos, informações de cinema , teatro, matérias culturais, etc.
Em 2003, com meu ingresso na faculdade de música da UEMG, já estava convicto de minha opção profissional: lecionar, criar, tocar, estudar música simplesmente, viver música, ser música.
Conheci alguns filósofos. Sinto necessidade de lê-los. Todos eles. Tenho em casa vários exemplares de uma coleção de filosofia. Preciso me dedicar a lê-los, mas há tanta coisa para se fazer, há tanta estória para contar, há tanta história, há tanto...

Opiniões

Neste memorial, quero dizer, em minha própria memória, não tenho recordações de aulas, de professores, de incentivo à leitura. Apenas o que peguei "no ar". Claro que aprendi a ler na escola. Claro que tive lições de gramática, de interpretação de texto. Porém, tudo foi muito superficial, pois não dou mérito aos professores, ou seja, ao próprio modo deles de ensinar, já que se não fosse talvez minha curiosidade natural, não estaria procurando livros e descobrindo o quanto a leitura é importante.
Quanto à questão da música, fica bem claro no memorial, que tudo partiu de mim. Da minha vontade de ser algo e vencer. A Música foi e é apenas o meu caminho, assim como o do leitor deste memorial pode ser a Biologia.
Sobre os professores e as didáticas, tive (tenho) ótimos professores. Alguns realmente são educadores. Comprometidos com o aprendizado da música-arte. Outros, apenas lecionam porque precisam sobreviver e o mercado de apresentações não é dos melhores. Outros porque aprenderam de maneira não muito correta e eficiente (do ponto de vista humano, musical, artística e técnico) e repassam a informação sem muito raciocinar. Incompetência e/ou omissão. Tão comum quanto sorvete de baunilha.
Na educação brasileira, matérias básicas como português e matemática, estão sendo avaliadas e reprovadas. Os alunos que saem do Ensino Fundamental, em sua maioria, sabem ler, mas não entendem o que lêem. Também não sabem executar as quatro operações básicas da matemática: soma, subtração, multiplicação e divisão.
A partir disso digo que há muito a ser criticado quando o assunto é EDUCAÇÃO. Particularmente creio que não há uma solução a curto prazo. Penso que o governo deveria investir pesado e inteligentemente no Ensino Fundamental. Consertá-lo de vez, para depois partir para o Ensino Médio e Ensino Universitário. Infelizmente sou pessimista e creio que com tanta corrupção, tanto desvio de verbas e principalmente, com tanta incompetência em todos os níveis de serviços prestados, o curto prazo que citei acima se tornará longuíssimo prazo ou simplesmente nunca mudará de verdade. É preciso alguém ou algo que desperte, não todos, mas boa parte da população brasileira, para não mais pedir, mas exigir uma atitude do governo. Assim como tomar atitudes quanto aos problemas que os cercam. Não apenas com boa vontade, mas com competência. O que muito faz falta.
Enfim, o que deixo neste memorial é o modo como descobri meu rumo. Descobri-me. Valeu?!


*Sex Pistols, banda punk inglesa que foi grande influencia no rock dos anos 80.

Saudade

"Saudade é solidão acompanhada,
é quando o amor ainda não foi embora,

mas o amado já...
Saudade é amar um passado que ainda não passou,
é recusar um presente que nos machuca,
é não ver o futuro que nos convida...
Saudade é sentir que existe o que não existe mais...
Só uma pessoa no mundo deseja sentir saudade,
aquela que nunca amou.
E esse é o maior dos sofrimentos:
não ter por quem sentir saudades,
passar pela vida e não viver.
O maior dos sofrimentos é nunca ter sofrido..."

(Pablo Neruda)

Entrevista solta

Qual a mais bela palavra da língua portuguesa?
- Hoje é glicínia. Apesar de leguminosa.
- E amanhã?
- Cada dia escolho uma, conforme o tempo.
- A mais feia?
- Não digo. Podem escutar.
- Acredita em Deus?
- Ele é que não acredita em mim.
- E em Saldanha?
- O cisne ou o outro?
- O outro.
- Até Deus acredita nele.
- Então papamos a taça?
- Na raça.
- E se não paparmos?
- Eu não sou daqui, sou de Niterói.
- Mas tudo é Brasil.
- Para o Imposto de Renda, sim. Para o Imposto de Serviço, são muitos.
- Já fez a declaração?
- Quem faz por mim é um computador de terceira geração.
- Tão complicado assim?
- Ao contrário: a mais simples.
- Parabéns por ter renda.
- Mas eu não tenho. Imagine se tivesse.
- E a Apolo-9?
- O maravilhoso ficou barato. Quero ver aqueles três é guiando fusca no Rio.
- Vai melhorar. Olhe os viadutos.
- Estou olhando. Não vejo é pedestre. Já será efeito da pílula?
- O Papa é contra.
- O Papa nem sempre é Papa.
- Acha que China e U.R.S.S. irão à guerra?
- Não. A guerra é sempre feita entre um que quer e outro que não quer brigar.
Quando os dois querem, verificam que estão de acordo, e detestam-se em paz.
- E a crise do teatro?
- Cada um leia a peça em casa.
- Os atores ficarão sem trabalho?
- Escreverão peças para leitura em casa.
- Os teatros estão fechando.
- Mas as cervejarias estão abrindo.
- E o Festival do Filme?
- Genial. Vai mostrar aquilo que não se vê mais nos cinemas: filmes.
- Esquadrão da Morte?
- Calma. Se é para liquidar com os bandidos, acabará fuzilando a si mesmo.
- É pela eleição por distrito?
- Sou radical. Por bairro.
- Seu prato predileto?
- Vontade de comer.
- Cor?
- A do vinho no copo; da luz no mar; dos olhos inteligentes.
- Sua divisa?
- A do meu apartamento. Em condomínio.
- Pretende reservar passagem para a Lua?
- Não aprecio lugares muito freqüentados.
- Que acha do gênero humano?
- Podia ser pior.
- E dos animais?
- Em geral têm muita paciência conosco.
- Que mensagem envia aos telespectadores?
- Que mantenham desligados seus receptores.
- Qual, o senhor é impossível!
- Também acho.

Carlos Drummond de Andrade

segunda-feira, maio 30, 2005

Agradecimentos

Hoje é o meu aniversário de 25 anos (putz... um quarto de século) e quero deixar aqui um agradecimento a todas as pessoas que me mandaram algum tipo de recado. Fiquei feliz com cada um, apesar de realmente não dar importancia a esses tipos de datas. Obrigado a todos e a cada um. Bom, não tem festa. Quando eu tiver grana pra bancar uma, teremos.
Abraços a todos.

Decisão

Bom, está decidido que a partir de hoje vou retomar o livro dos sonhos. Além de sonhos, vou colocar textos meus e criar alguns tópicos para discutir e divulgar idéias. Procurarei ser dedicado e disciplinado nesta saga.

Ganho eu, ganha quem ler.

Arley