O mundo ao redor, ao redor do mundo

Penso um mundo onde o amor não seja exclusividade dos apaixonados, e que exclusividade não seja amor. Onde não seja vantagem levar vantagem. Onde um sorriso pague uma boa ação. Onde a boa ação seja alegre e sem pena. Mundo em que os amigos se abracem, chorem, chacoalhem, empurrem, espremam, exprimam. Que abraços sejam coletivos. Que opiniões diferentes e até contrárias sejam ouvidas e conversadas, mas não sejam discutidas e muito menos julgadas. Um mundo cheio de praças, aplausos e músicas.
Que a arte seja emocionante! Que os artistas sejam humanos e tangíveis. Que não haja publicidade. Que café com bolo feito na hora seja a melhor refeição. Que a mesa seja sempre posta, mas que todos sentem ao chão. Um mundo onde se dê presentes sem embrulhos. Que palavrões sirvam para expressar melhor e sejam como pó e se dissolvam. Que a memória seja saudosa e o futuro imprevisível. Que nos sonhos se tenha superpoderes e asas. Que encontros sejam marcados. Que as marcas sejam lembranças de lições. Que os jogos sejam diversão. Que todos tenham quintal. Que haja frutas em todo quintal. Que as frutas sejam panhadas no pé. Que a noite seja sempre uma novidade. Que seja sempre duvida o nascer do sol. Que as palavras sirvam para comunicar, explicar, exemplificar, mas que o silêncio diga mais. Que os relógios não parem nunca e que isto as vezes não tenha a menor importância. Que sempre haja o que aprender. Que aprender seja aprendido. Que ensinar seja melhor que aprender. Que haja sempre trabalho a ser feito. Que a água seja sempre de beber. Que tenham bicas, muitas! Que não exista caridade, mas que as pessoas se doem. Que reconhecer seja reconhecido. Que as pessoas se confortem e assim não exista deus. Que anjos andem sempre por aí, disfarçados, mas nem tanto.