memórias

amar o perdido
deixa confundido
este coração

Nada pode o olvido
contra o sem sentido
apelo do não

As coisas tangíveis
tornam-se insensíveis
à palma da mão

Mas as coisas findas
muito mais que lindas
estas ficarão.

(Carlos Drummond de Andrade)

pausa

o artista fez
aquilo que sabe fazer
e ninguém mais
aquilo que o torna único

iluminou a alma de todos
atravessou corações por caminhos nunca percorridos
cumpriu sua tarefa
com toda dor e verdade

e logo a luz apagou
a cortina fechou
todos estavam maravilhados
mas não houve palmas

só um respeitoso silêncio

Fonte seca

música embaixo dos dedos
agua embaixo da ponte
água que nasce na fonte
e fonte... seca

no apagar das luzes

no apagar das luzes veio o álibi
e o hábito de se manter apto
refutou a aceitação dos fatos
e a vida prosseguiu... válida!

Estou rodado na vida

estou distante
estou sozinho
estou estranho no meu ninho
estou errante no meu erro
e erro sempre
e erro sem freio
estou ao meio
e meio-a-meio
estou sujeito a ser sujeira
estou sujando o ser, sugiro.

estou em mim
estou ao meio
estou com medo
e calo
e deito.